2022
Rafael Gallo

Eu me chamo Rafael Gallo e nasci na cidade de São Paulo, no Brasil. Tenho criado histórias e inventado personagens desde pequeno. Começou apenas como interação com meus brinquedos, ou distrações imaginativas de um garoto introspectivo. Ainda na infância, por gostar muito de desenhos animados e histórias em quadrinhos, comecei também a desenhar minhas próprias histórias. Na adolescência, apaixonei-me pela música e pelas bandas, como é típico da idade. Logo iria aprender a tocar um instrumento e passaria a compor minhas canções. Levei esse gosto um pouco mais longe e cheguei a me formar na faculdade de Música, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Também fiz o mestrado em Meios e processos audiovisuais, pela Universidade de São Paulo (USP), com estudos na área de música para o cinema, atividade com a qual trabalhava na época.

Em meio a todo esse percurso, o gosto pelos livros cresceu devagar. Chegaria também a hora em que, além de lê-los, eu iria desejar escrevê-los. Minha relação com a arte e a criatividade, me parece, sempre acaba por ser como uma espécie de convocação a participar. Talvez, em algum grau, toda arte convoque as pessoas a participarem, em maior ou menor grau.

Minhas primeiras tentativas mais sérias na literatura foram os contos que acabei por compilar em um volume intitulado “Réveillon e outros dias”. Quando o concluí, deparei-me com aquela célebre pergunta: Que farei com este livro? Enviei-o a todas editoras que conhecia, também a algumas que não conhecia, e nenhuma delas me deu um retorno positivo. Inscrevi os contos em dezenas de concursos que nunca ganhei. Até ser escolhido no que mais desejava: o Prêmio SESC de Literatura, um concurso nacional para autores de obras inéditas. O manuscrito se tornou livro, publicado pela editora Record em 2012, e, de certa forma, eu me tornei escritor.

Em 2015, lancei meu primeiro romance, “Rebentar”, também pela editora Record. O livro conta a história da mãe de uma criança desaparecida, que, após décadas de luto, decide renunciar à busca e à espera por seu filho. O livro foi agraciado com o Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria de autores estreantes com menos de 40 anos.

De lá para cá, parei de trabalhar com música, tenho atuado como burocrata no cargo de escrevente do Tribunal de justiça de São Paulo. É um emprego tão menos divertido do que a música quanto mais eficiente para se pagar as contas. Tenho também ministrado cursos de escrita literária, por conta própria ou em instituições culturais importantes para nosso país, como o SESC, a Casa das rosas e a Biblioteca Villa-Lobos, entre outras.

Devo acrescentar que em 2017 inscrevi esse romance, “Rebentar”, no certame que, para mim, foi sempre o mais sonhado: o Prêmio Literário José Saramago. À época, como é sabido, concorriam livros já publicados, de autores com idade até 35 anos. Eu tinha exatamente 35 anos. Fiquei contente pela vitória de Julián Fuks, outro escritor brasileiro e um amigo, mas também triste por não poder mais concorrer.

Não publiquei outro livro desde então. Tinha um romance inédito, Dor fantasma, e 40 anos de idade quando foi publicado o edital mais recente do Prêmio José Saramago. Havia nele duas mudanças fundamentais: seriam contemplados romances inéditos e a idade limite passava a ser de 40 anos. O grande sonho se refazia para mim.